Resumo
OBJETIVO. Identificar e pautar o debate sobre a eficácia das intervenções de políticas públicas na denominada cracolândia, região central da Cidade de São Paulo, desde o registro das primeiras apreensões de crack ocorridas naquela área, em 1.990. Este período coincidiu com o início de um lento, mas gradual processo de desvalorização e degradação dos bairros dos Campos Elísios, Bom Retiro, Luz e entorno, como um reflexo da desativação e transferência do fluxo das operações do então Terminal Rodoviário da Luz (antiga rodoviária) para o atual Terminal Rodovlário do Tietê, ocorrida em 1.982. O desafio cracolândia é complexo e sobrevive a mais de 20 anos, independentemente dos governos que se sucederam e das propostas apresentadas para solucioná-lo. METODOLOGIA. Como metodologia, foram utilizados os conceitos de pesquisa etnográfica, que traduz a prática da observação, da descrição e da análise das dinâmicas interativas e comunicativas e que se apresenta como uma técnica de avaliação de programas e projetos sociais; foram realizadas pesquisas bibliográficas em artigos, publicações em jornais e revistas sobre as transformações urbanas que ocorreram naquele perímetro desde os seus primórdios; consultas a especialistas, gestores e técnicos responsáveis por programas sociais que atuam na solução do problema e com grupos de pessoas afetadas pela dependência química do crack. RESULTADOS. Os resultados evidenciaram nitidamente dois períodos distintos de políticas públicas naquela região; antes e depois de 2013. Até esta data, com exceção do período 2.001/2005, as interferências foram eminentemente repressivas, traduzidas em prisões, quantidades e tipos de drogas apreendidas. Esta política repreensiva foi radicalmente substituída, a partir de 2013, por uma proposta de resgate da cidadania, promovendo a reabilitação psicossocial de pessoas em situação de vulnerabilidade social e uso abusivo de substâncias psicoativas, por meio da promoção de direitos e de ações assistenciais, de saúde e de prevenção ao uso abusivo de drogas, denominada Operação Braços Abertos, implantada a partir de janeiro de 2014.